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sexta-feira, março 29, 2024
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    Esperança da cura do coronavírus mobiliza mais de 1 mi de menções no Twitter em 12 dias

    Debate é marcado por picos muito acentuados, que refletem a angústia pela descoberta de um medicamento eficaz; falas de Trump e Bolsonaro impulsionam menções à cloroquina e à hidroxicloroquina

    Por Sala de Democracia Digital | FGV DAPP

    Um levantamento da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP) identificou cerca de 1 milhão de menções a possíveis drogas, vacinas e receitas contra o COVID-19 no Twitter, entre 11 e 22 de março, revelando a preocupação dos brasileiros na busca por um tratamento. O debate teve maior projeção em três momentos: no dia 12, com a notícia de que médicos cubanos teriam desenvolvido uma vacina para o coronavírus; entre os dias 17 e 18, por conta de uma declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS), na terça (17), desaconselhando o uso de ibuprofeno contra ossintomas do COVID-19 e de uma onda de postagens desmentindo a eficácia de soluções caseiras para curar a doença; e entre os dias 19 e 22, após declarações de Donald Trump e de Jair Bolsonaro sobre os resultados preliminares de testes utilizando a cloroquina e a hidroxicloroquina.

    Desinformação sobre vacina e curas caseiras

    A partir do dia 12 de março, diversos usuários reagiram à notícia de que Cuba havia desenvolvido uma vacina eficiente para combater o COVID-19. O debate foi impulsionado por perfis de oposição ao governo, com destaque para uma postagem do líder do MTST, Guilherme Boulos, e gerou um pico de 46,2 mil mensagens. Nos dias 13 e 14, predominaram postagens desmentindo a notícia e explicando que o remédio se trata apenas de um antiviral que supostamente estava trazendo bons resultados no tratamento. O alcance da correção da informação, no entanto, foi menor, com 36,4 mil menções apenas.

    A partir do dia 16, destacou-se uma onda de postagens irônicas e informativas sobre receitas caseiras que estavam sendo propagadas como possíveis curas para a doença. Entre as mais repercutidas, estava uma receita de alho em água recém fervida, recomendada como uma forma eficaz de combate ao COVID-19. Diferente da suposta vacina cubana, que foi propagada e desmentida no Twitter, o pico de menções sobre curas caseiras foi dominado por postagens que desmentiam sua eficácia, totalizando cerca de 46,2 mil tuítes.

    A polêmica sobre o Ibuprofeno

    O ministro da Saúde francês, Olivier Véran, alertou no sábado (14), em sua conta no Twitter, sobre os riscos do uso de ibuprofeno por pessoas que contraíssem o COVID-19. Uma publicação do ministro, juntamente com a declaração da OMS, na terça-feira (17), desaconselhou o uso do ibuprofeno parao combate dos sintomas – ainda que o órgão tenha anteriormente alegado não haver evidências científicas suficientes para fazer uma contraindicação – e gerou cerca de 32 mil interações no Twitter. No dia seguinte (18), 49 mil postagens repercutiram o comunicado da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) que reiterou não existir evidência científica que associe o ibuprofeno ao agravamento da doença. A agência, ainda, atentou que não há base científica para que os pacientes que já fazem uso de medicamentos com a substância interrompam seus tratamentos.

    Novas drogas sendo testadas -cloroquina e hidroxicloroquina

    Mais recentemente, a partir do dia 19, ganharam força menções às drogas que vêm sendo utilizadas em pesquisas científicas em diversas partes do mundo. Foram identificadas 163,5 mil menções às pesquisas que vêm sendo desenvolvidas a partir da cloroquina e da hidroxicloroquina. O anúncio de Donald Trump de que os Estados Unidos estão trabalhando em um medicamento a partir desse composto impulsionou o debate, com tuítes que lembraram a importância do cientista brasileiro Carlos Chagas, por seus estudos sobre a malária. Um vídeo publicado pelo presidente Jair Bolsonaro no sábado (21) gerou uma nova escalada de menções ao tema, somando 99,5 mil menções.

    A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – que, na quinta-feira (19), havia informado que os medicamentos que contêm a substância não são recomendados ao tratamento da COVID-19 -, na sexta-feira (20), enquadrou a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial, restringindo a compra. Em decorrência desses eventos, a cloroquina foi inserida na disputa política nas redes sociais. Por um lado, os perfis pró-governo defendem uma possível cura para o coronavírus, endossando as falas dos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, inclusive, exaltando a decisão do governo de estabelecer a produção de cloroquina pelo Exército. Por outro lado, perfis críticos salientam que o isolamento social ainda é a melhor medida; além disso, atentam para as indeterminações da eficácia da cloroquina e que a sua busca desordenada pode acarretar no desabastecimento para pacientes de outras doenças que utilizam o medicamento de forma contínua.

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