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sexta-feira, abril 19, 2024
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    Senadora defende Gaeco, ataca Judiciário e chama advogados de ‘meliantes’

    A senadora Selma Arruda (PSL) saiu em defesa do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), que vem sofrendo acusações de ter praticado interceptações telefônicas sem autorização judicial em pelo menos 15 operações policiais.

    Em artigo publicado na segunda-feira (5), ela diz que os ataques seriam de “meliantes travestidos de advogados, cujas teses mirabolantes são formuladas de modo a encontrar destinatários certos no Judiciário”. Veja abaixo.

    Selma alega que assim como na Lava Jato, onde o procurador da República Deltan Dallagnol e o ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, são acusados de terem cometido irregularidade nas investigações, ela e os promotores do Gaeco estariam sendo vítimas de “subterfúgio para desacreditar o Gaeco e a Juíza Selma Arruda”.

    “Um tal cabo Gerson, que tem conseguido a proeza de ditar o rito processual da forma que bem entende, na ação penal a que responde por ter participado do que se denominou Grampolândia Pantaneira, em uma das inúmeras versões sobre os crimes que cometeu, resolveu envolver o Gaeco e a juíza Selma Arruda nas suas maracutaias”, alega em seu artigo.

    A juíza aposenta ainda afirmou que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) “faz questão de compor o circo” para favorecer alguns advogados que teriam interesses na “anulação das operações, tanto da Lava-jato como em Mato Grosso”.

    “A OAB até agora omitiu-se no combate aos corruptos. Agora, se levanta na defesa desses criminosos e, agindo por interesse próprio, acaba enchendo de lama os nomes de muitos advogados honestos, que sequer foram consultados a respeito”, afirma veemente.

    Selma Arruda também atacou o Judiciário ao afirmar que as teses em debates, de irregularidades no bojo da Lava Jato e em operações em Mato Grosso, teriam “destinatários certos no Judiciário”, e que a briga pelo poder, “faz com que o Judiciário se omita no combate à corrupção e as autoridades investigativas fiquem acuadas, quem ganha é a defesa dos malfeitores e quem perde é o Brasil”, finaliza a senadora.

    É a primeira vez que Selma Arruda fala a respeito da “Grampolândia Pantaneira” desde que o ex-comandante da Polícia Militar (PM), coronel Zaqueu Barbosa, o ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, e o cabo da PM Gerson Corrêa Júnior, revelaram possíveis irregularidades envolvendo o ex-coordenador do Gaeco, Marco Aurélio Castro, o ex-procurador de Justiça Paulo Prado e promotores de Justiça em possíveis realizações de ’”barriga de aluguel” em operações, desvios de recursos na chamada verba secreta do Gaeco, e o fornecimento das placas Wytron para que o ex-governador Pedro Taques (PSDB) montasse um escritório clandestino de interceptações telefônicas contra adversários políticos.

    Ela é acusada enquanto juíza, ter inventado uma “estória cobertura” de uma suposta tentativa de homicídio contra a sua vida para interceptar o ex-deputado José Riva e o ex-governador Silval Barbosa.

    A juíza aposentada também é cobrada a se explicar do motivo de ter encaminhado um ofício para o então governador Pedro Taques (PSDB) em 2017, informando de que houve ’barriga de aluguel’ durante as operações Forti e Querubim. Tal ato pode ser considerado ’quebra de sigilo’ por parte da ex-magistrada.

    “Barriga de aluguel” é o termo usado quando se insere números de telefones de pessoas que não são alvos de investigações policiais, de forma oculta, em pedido de quebra de sigilo telefônico feito à Justiça.

    OAB repudia senadora e diz que argumentos são ‘baixos e medíocres’

    O presidente da OAB, seccional Mato Grosso, Leonardo Campos, disse estar “perplexo e decepcionado” com os ataques feitos por uma senadora “oriunda do Poder Judiciário, que tem a premissa de distribuir justiça partindo dos preceitos constitucionais”.

    “E parafraseando um posicionamento da própria senadora enquanto juíza, toda vez que o acusado não tem argumentos para contrapor a acusação, ele ataca aquele que vai julgá-lo e aqueles que estão investigando”, disse Campos.

    O presidente da OAB também rebateu os ataques de Selma contra advogados, dizendo que não se pode confundir o advogado que atua para garantir os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, com as imputações que sofrem o seu cliente.

    “Então eu repudio de forma dura a imputação que ela diz que existem meliantes travestidos de advogados. Meliantes são meliantes e devem ser tratados como tal. Advogados e advogadas, são comprometidos com a distribuição da justiça, que não podem ser confundidos em hipótese alguma ter estendido a eles as imputações dos clientes”, pontuou.

    Leonardo Campos também cobrou explicações do senadora no caso em que encaminhou um ofício ao então governador Pedro Taques (PSDB) durante as investigações da grampolândia pantaneira em 2017, citando as operações em que ela era responsável e tinha autorizado interceptações telefônicas.

    “Até agora ela não explicou o porque dessa informação privilegiada ela passou ao governador. Uma vez que o requerimento veio da Corregedoria de Justiça para que todos os juizes do Estado informasse onde foram deferidas interceptações telefônicas no bojo das operações. De forma muito estranha, de forma até agora não esclarecida, além de informar a corregedoria, informou o então governador Pedro taques que também é investigado nos mesmo escândalo das informações que ela prestou na Corregedoria”, cobrou.

    Confira o artigo na íntegra

    Mato Grosso x Brasília, jogo empatado

    Vivemos momentos difíceis. A democracia encontra-se seriamente ameaçada pelo constante aviltamento aos mais basilares princípios do Estado Democrático de Direito. A Constituição Federal tem sido utilizada e manipulada ao bel prazer de interesses pouco ou nada republicanos.

    Enquanto o povo brasileiro brada nas ruas e não tem preguiça de se manifestar nas redes sociais o tempo todo por um Brasil melhor, mais ético, menos corrompido, autoridades de todos os poderes encontram brechas legais para se locupletarem, em benefício próprio ou de terceiros, seja financeiramente, seja por motivos que visem sua perpetuação no poder.

    A Operação Lava Jato, que inaugurou no País uma era de descortinamento dos crimes de corrupção e fez com que o povo abrisse os olhos para o que ocorria nas entranhas do governo encontra-se seriamente ameaçada.

    Ao que tudo indica, uma quadrilha de hackers foi cooptada pela organização criminosa desmantelada pela Lava Jato. Os quadrilheiros, especializados em estelionatos e outros crimes, logo trataram de invadir celulares de autoridades e repassar o conteúdo de mensagens, não se sabe se verídicas ou manipuladas, para uma imprensa que há muito anda descontente com o governo Bolsonaro.

    A informação a respeito desse crime chega ao povo completamente distorcida. Ao invés de darem ênfase ao crime de invasão dos dados confidenciais das autoridades, preferem questionar um conteúdo cuja veracidade é absolutamente duvidosa.

    Aí não falta quem atire a primeira pedra. Atirar pedras rende notícia, visibilidade e, certamente, voto. Como estamos vendo, as Madalenas da vez são o Juiz Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

    O mesmo que foi considerado herói nacional até poucos dias atrás, transforma-se agora em um juiz parcial e corrompido pela própria vaidade, segundo os relatos e as interpretações estapafúrdias da mídia. O procurador Dallagnol transforma-se em mero boneco manipulado por Moro e os réus, os ladrões, transformam-se em vítimas de abuso de autoridade.

    Em Mato Grosso não é diferente. Mutatis mutandis, ocorre exatamente o mesmo, só que as Madalenas pantaneiras são o GAECO e a Juíza Selma Arruda.

    É de conhecimento de todo povo mato-grossense o grandioso trabalho executado pelo Ministério Público de Mato Grosso na perseguição aos maiores corruptos que já nos governaram.

    José Geraldo Riva, o político mais processado do Brasil, foi o primeiro alvo, na conhecida Operação Imperador. Embora já respondesse a inúmeras ações penais, só foi preso, processado e condenado graças ao trabalho do Gaeco. Seus crimes vieram à tona, o povo teve conhecimento dos desvios de milhões de reais e do prejuízo causado à nossa sociedade, graças ao GAECO.

    Silval Barbosa, o maior larápio da história do Governo de Mato Grosso, alvo de operações deflagradas tanto pelo Gaeco como pela 14ª. Promotoria, só foi preso, processado e condenado também graças à coragem e lisura desses profissionais. Assim como ele, outros componentes do governo foram igualmente presos e muitas ações criminosas foram levadas a conhecimento público.

    Recuperou-se milhões de reais e apreendeu-se inúmeras propriedades adquiridas pelos meliantes com o dinheiro do povo.

    Assim como eles, outros tantos ladrões, homicidas, traficantes e criminosos de toda espécie saíram de circulação por conta da dedicação e da independência do Ministério Público Estadual.

    O problema é que, assim como na Operação Lava Jato, os alvos abatidos pela ação ministerial são pertencentes a organizações criminosas poderosíssimas, que há anos dominam nosso País.

    Assim, seria muita ingenuidade não imaginar que tais criminosos não reagissem, mais cedo ou mais tarde. E quando se trata de poder e corrupção, para os malandros vale o ditado: mexeu com um, mexeu com todos.

    O fato é que o GAECO tem sofrido ataques de toda sorte, ora vindos de meliantes travestidos de advogados, cujas teses mirabolantes são formuladas de modo a encontrar destinatários certos no Judiciário, ora de outros biltres, cooptados pelas organizações criminosas, assim como ocorre no caso dos hackers a que me referi acima.

    Um tal Cabo Gerson, que tem conseguido a proeza de ditar o rito processual da forma que bem entende, na ação penal a que responde por ter participado do que se denominou “Grampolândia Pantaneira”, em uma das inúmeras versões sobre os crimes que cometeu, resolveu envolver o GAECO e a Juíza Selma Arruda nas suas maracutaias.

    Passou a acusar promotores de justiça de terem feito grampos ilegais em investigações que tramitaram na 7ª. Vara Criminal. Disse até que se criou uma investigação fictícia sobre ameaça sofrida por mim, visando bisbilhotar a vida de Silval Barbosa e de José Geraldo Riva.

    Mas aí vem a pergunta: era necessário inventar alguma coisa para interceptá-los, já que eram réus investigados e processados naquela vara?

    Se foram interceptados ou não por este motivo, não sei. A investigação não correu sob meu comando, até porque eu era a vítima. De qualquer forma, assim como está ocorrendo na Lava-Jato com a tentativa de desmoralizar Moro e Dallagnol, aqui em Mato Grosso querem usar esse tipo de subterfúgio para desacreditar o GAECO e a Juíza Selma Arruda.

    A desmoralização do GAECO e do Ministério Público, sob alegação de que agem em desacordo com a Lei e abusam da autoridade interessa a quem?

    Será que pensam que o povo é cego e não enxerga que os que agora bradam pela punição do GAECO são diretamente interessados na anulação das Operações e na absolvição dos corruptos?

    Será que os que acolhem esse tipo de alegação não percebem que estarão desmoralizando a si próprios?

    Assim como em Brasília, em Mato Grosso há quem se esconda por trás da Constituição para defender os maiores gatunos da nossa história. Uma pena que não veem que a Constituição é transparente e, ao contrário de ocultá-los, faz com que o povo veja, perceba e sinta cada vez mais quem são os verdadeiros malandros.

    Nossa Constituição não foi feita para garantir direitos de facínoras, isso é fruto da interpretação pífia promovida por uma esquerda que trabalhou durante anos pela desconstrução dos nossos valores morais e éticos. Ela prevê direitos e obrigações. O cidadão cumpre suas obrigações e tem garantidos seus direitos. Isso é o justo.

    Enquanto isso, a OAB faz questão de compor o circo, como se não fosse público e notório o interesse de alguns de seus membros na anulação das operações, tanto da Lava-jato como em Mato Grosso.

    A OAB até agora omitiu-se no combate aos corruptos. Agora, se levanta na defesa desses criminosos e, agindo por interesse próprio, acaba enchendo de lama os nomes de muitos advogados honestos, que sequer foram consultados a respeito.

    Tomara que essa inversão de valores não resulte no pior.

    Brasileiros, mato-grossenses, reflitamos: enquanto a briga pelo poder faz com que o Judiciário se omita no combate à corrupção e as autoridades investigativas fiquem acuadas, quem ganha é a defesa dos malfeitores e quem perde é o Brasil.

     

    Crédito: Gazeta Digital

    Foto: João Vieira

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