João, robusto e trabalhador
Homem feito, jogador de futebol amador
Brincalhão e nadador
Esperando o tempo passar
Sempre apreensivo
Para a hora logo chegar
E a tarde rápida voar
Para cessar o expediente
E a sua casa regressar
Rezava para o final de semana avançar
Pra jogar bola
E para ir ao encontro de quem ama
Para o mês logo findar
Porque as dívidas se acumulam
Ele precisa da verba salarial
Tem que pagar o cartão
Ir ao açougue, ao mercado
Sem pagar, ninguém vende pra Joao
E assim foi-se o tempo
Chegou o frio
Veio e se foi o vento
O sol se pôs
Chegou a madrugada
E depois o dia raiou
Escureceu, trovejou
Acima de sua face às nuvens
De cabelos brancos agora
Feito ferro à ferrugem
Não consegue mais correr
As pernas paralisam, os olhos se fecham
Não tem mais o tempo a lhe socorrer.
Arnaldo Justino da Silva é promotor de Justiça em Mato Grosso